White Lines

White Lines

White Lines acompanha Zoe Collins que viaja de Manchester para Ibiza com o objetivo de descobrir quem matou o irmão, Axel, cujo corpo apareceu agora 20 anos após o seu desaparecimento.

O enredo parece quase saído de um episódio de Cluedo. Quase todos são suspeitos. Axel não era o ser humano maravilhoso que Zoe pensava conhecer e isso dá motivos a quase todos os personagens da trama para que tenham sido o(s) autor(es) do assassinato.

E há suspeitos para todos os gostos e estratos sociais. Começando logo pelos amigos mais chegados com quem teve negócios que acabaram mal, mas também a poderosa família Calafat com quem trabalhou e foi depois concorrente, mas com quem também manteve perigosas relações de amor, sexo e traição.

Este é o ponto de partida para 10 episódios intensos, sem pontos mortos, com muito daquilo que no imaginário popular é Ibiza: praia, festas 24 horas, drogas e sexo. Muito.

Além de Zoe, no ponto central da trama, temos também Boxer que, na sua versão mais adulta, é interpretado por Nuno Lopes. Boxer é o chefe de segurança da família Calafat. “Chefe de segurança” é o termo encontrado para definir alguém que faz o trabalho difícil e sujo. O personagem é muito bom, talvez o mais interessante da série, mas não há, nem pode haver dúvidas, que é a interpretação de Nuno Lopes que o faz brilhar. Este projeto é (tem de ser) o que põe o Nuno na rota dos grandes projetos e do estrelato. É um ator que tudo o que tem feito tem feito bem. A aclamação e os prémios que tem recebido não chegam: Nuno Lopes merece um grande projeto internacional rapidamente.

nuno lopes

O que a série tem de melhor, além do Nuno Lopes, é a forma como faz os avanços e recuos no tempo para mostrar as duas narrativas. Estas analepses e prolepses são acompanhadas de mudanças na linguagem visual que não deixam dúvidas ao espectador de quando estamos na linha de tempo presente e de quando recuamos 20 anos.

Os cenários exteriores e interiores também nos transportam para Ibiza e tudo o que é mostrado no ecrã nos traz esse sabor a mar e festa que são sinónimos daquele lugar.

Onde a série perde é no momento em que tenta ser tudo e quando tenta ser imprevisível. Quando acelera para o desenlace, a narrativa começa a despistar-se e algumas coisas acontecem sem aviso prévio e sem uma história de base sólida. Nota-se que o objectivo é arrancar um “não estava à espera…” mas acabam por arrancar um “como assim?!”. Não é a mesma coisa.

Visualmente é um trabalho excelente dos 3 realizadores envolvidos nos 10 episódios (Nick Hamm, Luis Prieto e Ashley Way) e tem um linguagem visual coerente e atraente o que é meio caminho andado para me agarrar. A história engenhada pelo cirador de La Casa de Papel Álex Pina também é, no seu core, interessante… Mas quando se começa a perder… Perde-se.

Ainda assim, foi mais uma boa companhia para este período de maior confinamento. Vale pela performance do Nuno Lopes e pelo facto de, pesados, os pontos bons da série serem mais do que os pontos maus.

Trailer

Marcações: séries, crítica, review, white lines, nuno lopes

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