Tem sido intenso, às vezes frustrante, às vezes desmotivador, às vezes entusiasmante, mas sempre diferente.
Perdi a conta ao tempo que dura esta segunda adaptação forçada ao elearning. Já não me lembro bem quando foi que vim dar formação para casa outra vez, mas já foi há mais de um mês.
Tem que haver resiliência de todas as partes e compreender quer é passageiro. Não é fácil para nós (formadores) e não é fácil para eles (formandos), mas no fim aprendemos todos qualquer coisa. Tudo se torna mais difícil quando somos inundados com notícias que põem em causa esta metodologia de ensino. Não é perfeita e muito menos é a ideal, mas não será a mais adequada tendo em conta a circunstância de exceção? Não é1000 vezes melhor do que simplesmente estarmos em casa a definhar?
Uma coisa é certa: nesta modalidade a seriedade e a vontade com que estamos a ensinar e a aprender tem que ser muito maior que o habitual. Esse é o problema. Não é o elearning que falha. O que falha é quando quem ensina não se sabe adaptar e quem aprende se deixa levar pelo laxismo e o facilitismo que é estar “escondido” do olhar direto do tutor para passar o tempo a contar azulejos.
Os nossos alunos, nomeadamente os mais jovens, estão completamente desabituados daquilo que é o autoestudo e a atividade autodidata. Uma tragédia ainda por cima na era em que o acesso ao conhecimento é tão fácil e barata… Esta é uma geração que se não for permanentemente estimulada pela presença da figura do tutor (que abominam) não é capaz de avançar 10 cm e ainda tem proteção por isso. Na corrente era e principalmente na área tecnológica em que me encontro, quem tiver este perfil que se desengane e escolha outra arte.
As linguagens que de programação que aprendi na licenciatura já estavam obsoletas quando cheguei ao estágio. Só tive uma saída: aprender sozinho. E não se pense que este ritmo abrandou. Hoje em dia é praticamente igual e a dificuldade aumenta se pensarmos que o mercado de trabalho ainda é mais exigente.
É por isso que entendo que este é o momento de aproveitarmos para integrar o elearning nas nossas vidas e destacar a importância do autoestudo e não o que insistimos em fazer que é demonizar e passar a ideia que é melhor não ter aulas do que ter aulas à distância.
Claro que é preciso criar condições por parte das escolas mas, é preciso dizê-lo, as famílias têm um papel a cumprir nesse aspeto. Com a crescente importante do estudo autónomo o próprio aluno tem de se dotar de ferramentas para aprender. E ninguém está a falar de portáteis com preços a roçar o milhar de euros. Hoje em dia um smartphone de média/baixa gama já permite fazer muita coisa e um portátil de entrada de gama é excelente para aprender uma linguagem web que pode abrir portas no futuro.
Nunca pensei vir a citar Passos Coelho… Mas não sejamos piegas.