Os ângulos de filmagem podem adquirir um significado psicológico particular. Isto acontece sobretudo quando não são justificados por nenhuma situação concreta ligada à ação.

PLANO CONTRAPICADO

Neste tipo de plano, o sujeito é captado de baixo para cima, colcando-se a objectiva abaixo do nível normal do olhar. Dá uma impressão de superioridade, de exaltação e de triunfo, porque o sujeito tende a ser ampliado e, consequentemente, magnificado.

No exemplo acima do filme Matilda (1996) realizado por Danny DeVito, o plano é usado para colocar o espectador na perscpecitva da pequena Matilda face à sua interlocutora. O plano fornece a esta última um nível extra de intimidação e ajuda o espectador a identificar-se com a situação da pequena.

PLANO PICADO

Filmado de cima para baixo, o plano picado tem tendência para tornar o indivíduo ainda mais pequeno, “esmgando-o” moralmente. Isto faz do sujeito um pouco impotente perante uma situação difícil de ultrapassar.

Neste exemplo, do mesmo filme do anterior, vemos a pequena Matilda retratada em Plano Picado, transmitindo uma mensagem de inferioridade e até alguma insegurança. No entanto, quem já viu o filme, sabe que ainda que seja essa a ideia a transmitir, trata-se de uma mentira perante a verdade por trás da personagem! Mas o cinema é isso mesmo: manipulação!

Se forem empregues através de Câmara Subjectiva (POV), estes ângulos mostram o ponto de vista de alguém que não se encontra numa posição vertical, por exemplo. 

O filme Notorious, de Alfred Hitchcock, tem um exemplo disto mesmo. A imagem de um polícia oscila em redor do seu eixo à medida que ele se aproxima da heroina que está deitada na cama.

Tratado de forma objectiva, o processo pode tomar um sentido mais expressivo e menos lato que o usado no (POV). Em vez de ser apenas a representação do que um personagem vê com os seus próprios olhos, podemos incutir um significado mais psicológico como visto nos exemplos anteriores.

Um enquadramento inclinado é também frequentemente usado para obter um efeito mais cómico, algo subejamento usado nos filmes de Charlot, por exemplo em Carlot Aprendiz (Work) para representar a dificuldade de empurrar um carrinho excessivamente carregado por uma ladeira mais ingreme.

Finalmente, pode também querer transmitir ao espectador uma imposição sofrida por um personagem, como um desequilíbrio moral.